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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Tatuí

Na sexta-feira acordei em Tatuí, Estado de São Paulo, após ter chegado tarde da noite de um longo dia de viagem.
Escolhi a cidade para permanência por três motivos: era necessário evitar a capital do Estado, que se encontrava submersa em virtude das chuvas excessivas; Tatuí povoava a minha memória pela antológica gravação lá feita do Renato Teixeira com Pena Branca e Xavantinho, em obra que juntou preciosas canções da música caipira; e a cidade detém um conservatório musical reconhecido nacionalmente, sendo voltada em boa parte para a música, recebendo assim talentos de todo o Brasil para os seus bancos acadêmicos, o que dá conta de uma comunidade onde a cultura literalmente ressoa.
Preparei a bagagem e fui conhecer a cidade.
Diferentemente de Penápolis, com atividade rural de exploração de cana-de-açúcar e urbana comercial, Tatuí revela um perfil antigo e atual de cunho essencialmente industrial. Pena que em razão de tempos anteriores de dificuldade econômica, ora recém ultrapassados segundo os populares com quem conversei, o patrimônio histórico representado por prédios suntuosos esteja em deterioração. Mas esse mesmo patrimônio dá o testemunho interessantíssimo de um período histórico de extrema prosperidade industrial, como se percebe da sede abandonada da São Martinho Têxtil e da residência de seus antigos proprietários, da qual fiz registro fotográfico, assim como das várias vilas proletárias espalhadas pela cidade, que revelam a existência pretérita de uma vultosa classe trabalhadora, em comunidade na qual o emprego não devia faltar.
Nunca tinha observado em outras cidades esse desenho urbano histórico tão marcadamente voltado para uma sociedade industrial, nem na nossa Caxias do Sul, que sabidamente tem esse perfil.
Em Tatuí esse documento histórico em deterioração é ostensivo e impositivo sobre os olhos de quem a visita, perdendo espaço em parte apenas para a cultura musical.
A par das suntuosas e belíssimas moradias antigas dos grandes proprietários, as vilas proletárias atestam uma simplicidade e uma felicidade comoventes por meio de ruas estreitas e pequenas e modestas residências infinitamente repetidas pelas colinas da cidade.
Não é visível tensão social em Tatuí, muito antes, pelo contrário, as indústrias que recentemente se instalaram na cidade garantem um mínimo de dignidade à população, que aliás é bastante mesclada entre brancos e pretos.
Visitei locais da cidade que demonstram a sua inclinação para a música, como o enorme coreto localizado na Praça da Matriz, a Concha Acústica instalada em outra praça, o famoso conservatório musical, que agora seleciona os candidatos às vagas abertas para este ano. Também conheci a Igreja Matriz, muito bela, sobretudo em sua parte interna, e a Praça do Museu. Diga-se que a cidade é pródiga em grandes praças.
Por tudo isso, tive muito prazer em conhecer Tatuí, cidade cuja visitação recomendo.

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