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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Do Mato Grosso do Sul a São Paulo

Quarta-feira amanheci em Campo Grande e aproveitei para ir até a Casa do Artesão, espaço mantido pelo Poder Público para a exposição à venda de peças do artesanato regional. A visitação ao local é imperdível! Trata-se de um espaço avantajado, muito bem distribuído e localizado, que assim permite a efetiva valorização do trabalho artístico de elevada qualidade de vários artesãos do Mato Grosso do Sul. Foi o meu primeiro contato com um verdadeiro shopping de arte popular, que representa a justa apropriação pelos artistas de um formato de consumo da modernidade. Elogiei muito a iniciativa, comprei vários itens e lamentei não ter levado outros tantos.

Após o almoço parti da cidade morena, nome pelo qual é conhecida Campo Grande, rumo a Três Lagoas, última localidade da minha permanência no Estado do Mato Grosso do Sul, terra que deixa muita saudade por tudo que registrei até agora neste blog, bem como por outros motivos mais.

Já na quinta-feira de manhã, a partir de Três Lagoas, segui viagem rumo ao Estado de São Paulo.

Ao cruzar a divisa pela barragem da Usina de Jupiá adentrando o Estado de São Paulo, percebi que não seria exagero dizer que se trata de um outro país. A paisagem humana é completamente distinta. De um Mato Grosso do Sul preponderantemente rural e de estradas modestas e desertas, o ingresso em São Paulo revelou um Estado intensamente industrial, a par de rural também, dotado de rodovias absolutamente favoráveis ao bom tráfego de vários veículos em velocidade elevada. É bem verdade que há um preço. Ao longo das Rodovias Marechal Rondon e Castello Branco, na minha trajetória de cruzamento do Estado, paguei em pedágios R$ 41,00. Quanto ao patamar de crescimento econômico e adensamento populacional, o Rio Grande do Sul parece estar entre os extremos representados por São Paulo e pelo Mato Grosso do Sul.

Parei para almoçar em Araçatuba e segui viagem até Penápolis, que me causou uma impressão muito positiva. Lá tive a maravilhosa oportunidade de conhecer o Museu do Sol, espaço privilegiado para o contato com belíssimas amostras de arte Naïf ou Primitivista.

Sempre ouvi falar das pérolas engastadas no interior de São Paulo e ao conhecer Penápolis indiscutivelmente tive certeza de estar diante de uma delas. A cidade tem sua base econômica na exploração da cana-de-açúcar e revela uma estrutura urbana histórica plenamente preservada através de moradias conservadas com cuidado e espaços públicos valorizados e ativos. A cidade foi e é pujante e suas imagens revelam tal realidade.

Voltando ao Museu do Sol, trata-se de espaço localizado em uma linda casa que já foi a sede do clube da cidade e recebeu o acervo das obras criadas por Iracema Arditi, artista primitivista brasileira com reconhecimento internacional. A partir de então o museu passou a receber obras de artistas nacionais e internacionais do gênero Naïf ou Primitivista. Mais: o seu acervo já esteve na França e na Alemanha com pleno reconhecimento de sua qualidade. É mais um caso de desconhecimento nacional.

As obras expostas, em número que supera uma centena, são um mosaico temático e técnico variadíssimo e comovem pela demonstração das profundas raízes do povo brasileiro. Como é uma arte feita pelo povo, o zeloso guardião do acervo relatou que em muitos casos é quase impossível localizar os autores das obras depositadas no museu, dada a mobilidade dos pobres deste país. Anexei fotos do portal de entrada do museu, obra representada por entalhe em madeira da autoria de artista popular natural de Jundiaí, e de sua fachada. Após a apreciação do deslumbrante acervo tive muita curiosidade em pesquisar sobre os fundamentos da arte Naïf ou Primitivista.

De Penápolis segui para Tatuí, tida por Capital Nacional da Música.

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