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terça-feira, 29 de março de 2011

Ilha do Mel

Passada a agitação do carnaval, na quarta-feira de cinzas, 09.03, parti de Garopaba para a minha segunda tentativa em sentido ao norte. Percorri as ainda movimentadas estradas de Santa Catarina até o Paraná, onde atravessei a balsa de Guaratuba, chegando no final do dia ao Pontal do Paraná, especificamente no Pontal Sul, um dos locais de embarque para a Ilha do Mel.
Na manhã seguinte, após o pouso em um hotel familiar que parecia cenário de filme de estrada em um local longínquo e parado no tempo, fiz um breve passeio no Pontal Sul, local plenamente identificado com esse cenário, como o litoral do Paraná de um modo geral, à exceção da porção sul.
O projeto inicial, à vista da previsão de chuva, seria a ida até Paranaguá. Com a manhã de sol, depois da Praia do Pontal, que tem à frente a Ilha do Mel e a Ilha da Galheta, canal sul da Baía de Paranaguá, deixei o carro em uma garagem e embarquei para a Ilha do Mel.
Foi só o barco partir para a Ilha do Mel, que começou a chover, o que ocorreu praticamente sem trégua durante os dois dias de minha permanência. Em um tempo em que o planeta dá claros sinais de sua modificação por causas sobretudo antrópicas, conforme bem prova este verão, é preciso adequar as expectativas turísticas de sol pleno a uma realidade de fruição mesmo com chuvas. Sintonizado com a perspectiva desse novo turismo, do planeta em desequilíbrio, parti para conhecer a ilha por suas praias e recantos de mato. Tive a singular oportunidade de nadar por duas vezes na área próxima do mangue na Praia do Limoeiro, a qual descobri depois que agora é povoada por alguns jacarés. Pura aventura!

Um passeio interessante do ponto de vista cultural é a visitação à Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, datada de 1769. Na Ilha do Mel há três possibilidades gerais de acesso interno: a pé, por barco ou por bicicleta. Optei pela caminhada e segui a partir da Praia do Farol, na qual fiquei instalado na pousada de mesmo nome, muito bem inspirada na concepção das áreas de convivência comum, dignas de figurar nas melhores revistas do ramo hoteleiro, com visão inclusive para a Praia do Farol em um extremo, e para Nova Brasília de outro.
A fortaleza se encontra bem conservada, graças à atividade do IPHAN, que elaborou excelente material informativo sobre a região e sua história, tendo também instalado uma invejável biblioteca no seu interior. A visitação da fortaleza traz consigo uma ótima aula sobre o litoral paranaense. Além da aula, a vista da fortaleza e depois do alto do Morro da Baleia, ao pé do qual ela foi edificada, permite alcançar de modo muito especial a Praia da Fortaleza, a Ilha das Peças e a Ilha de Superagüi, bem como a entrada ao norte da Baía de Paranaguá. No topo do morro se encontra a instalação militar que serviu ao Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, adaptada aos ataques aéreos, ao passo que a fortaleza antiga apenas contemplava os ataques pela via marítima e antes das máquinas a vapor.

Acho importante o registro sobre as singularidades do litoral do Paraná: é diminuto; parcela substancial de sua extensão é formada por áreas de preservação ambiental – as APAs de Guaratuba e de Guaraqueçaba e os Parques de Saint-Hilaire Lange, do Superagüi e da Ilha do Mel -; e os balneários localizados entre Guaratuba e Pontal do Paraná lembram em estrutura e ocupação as pequenas praias gaúchas há vinte anos atrás, vale dizer, um contexto de todo incompatível com a expressão do Paraná e em especial de Curitiba.
A partir dessas observações, com a ajuda das vozes paranaenses que ouvi, cheguei às seguintes conclusões: os órgãos locais de proteção ambiental são absolutamente restringentes quanto a pequenas reformas nas construções existentes, o que com muito mais rigor se aplica ao incremento do aparato turístico; de outra parte, o Porto de Paranaguá será futuramente ampliado, causando impacto ainda maior sobre as áreas de proteção ambiental que o cercam; e a atividade de exploração do turismo não é suficientemente viabilizada pelo poder Público, fazendo com que o paranaense procure o litoral de outros Estados e o visitante de outros Estados que venha ao litoral paranaense encontre, por exemplo, uma estrutura rústica como a Ilha do Mel em evidente deterioração.
A Ilha do Mel vive o seguinte dilema: é belíssima na sua natureza, padece da precariedade das estruturas sociais de um modo geral lá existentes e sofre a ameaça do porto em expansão nas suas vizinhanças. Além disso, é preciso considerar a progressiva erosão de sua orla voltada para o mar de fora, que tem provocado a derrubada de casas situadas nessa parte, fazendo temer pela elevação do nível do mar experimentada nos últimos tempos.
Depois de dois dias de chuva intensa e nada de sol, precipitação que causou a interdição das rodovias BR 277 e 376, atingindo inclusive o litoral e a região da Serra do Mar dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, meus destinos sucessivos, com prognóstico de continuidade por mais três dias com volume diário em torno de 20 mm, resolvi retornar para Santa Catarina, enquanto ainda era possível por Guaratuba, o que fiz em 12.03.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Garopaba


De Curitiba rumei para Zimbros, praia de Santa Catarina, e após para a minha Garopaba, buscando recolhimento em razão das chuvas que avançam sobre o litoral do sul e do sudeste, inclusive no período de carnaval.
Em Garopaba encontro a possibilidade de recuperação do sono atrasado, da paz dessa amada vila de pescadores, tão tranqüila neste intervalo prévio ao carnaval, e da regularidade da natação.
Por estas paragens Deus tem permitido finais de dia com céu em parte azul, oportunidade que aproveito para nadar no recanto secreto da minha lagoa preferida.
As fotos dão conta do cenário quando entro na lagoa para remar e de como tudo está quando termino. Nadar praticamente à noite em uma lagoa que espelha o céu de tão lisa é um contato com a natureza que prezo demais. Chego a me imaginar o boto das lendas praieiras.


Curitiba - Centro Histórico


Na minha despedida de Curitiba, em 28.02, optei por percorrer caminhando a sua região central histórica.
Embora fortemente nublado o dia, foi possível admirar o belíssimo casario antigo, notadamente demonstrativo de um passado de pujança material e de riqueza cultural. Ambos os indicativos sociais persistem, ora sob a forma da modernidade e mais em outros bairros.
A densidade cultural da metrópole sobressai da adequada manutenção desse patrimônio histórico, atualmente povoado sobretudo por agentes das mais variadas artes, pessoas apaixonadas pelo fazer cultural, com as quais pude conversar brevemente a respeito.
Faço o relatório ambiental urbano histórico com as fotos que seguem.
















quinta-feira, 3 de março de 2011

Morretes

Uma adorável descoberta ao final do passeio ferroviário a partir de Curitiba é a cidade de Morretes. Trata-se de uma pérola encravada na Mata Atlântica da região litorânea do Paraná. Cidade alegre, intensamente povoada nos finais de semana pelos turistas ferroviários e rodoviários, nesse caso por aqueles que optaram por percorrer a lindíssima Estrada da Graciosa, via pela qual retornei a Curitiba de ônibus no mesmo dia.
Além de alegre, a cidade é linda. Tipicamente interiorana, reflete uma paz de existir e um pleno cenário histórico. Embelezada pelo Rio Nhundiaquara, que cruza a cidade, suas pontes antigas, casario conservado, praça com coreto e ruas pacatas fazem perguntar: por que ir até Porto Seguro?
A culinária local é difundida por meio do prato denominado de barreado, muito delicioso. Outra preciosidade é a sorveteria artesanal Sabor de Fruta, na Rua XV de Novembro, nº 395, administrada pelo Sr. Pedro Zanikoski Filho, que nos brinda com a natureza sob a forma de sorvete, obtida mediante cuidadoso, depurado e natural processo de produção, oferecendo até sorvete de abóbora, entre outras novidades.
Outra atração é a molecada da cidade, que dá saltos mortais da ponte antiga, mergulhando no Rio Nhundiaquara. Por pouco não acompanhei.
As fotos a seguir servirão para ilustrar a minha narrativa.